Ucrânia-Guerra Epílogo Interminável

Dentro da guerra geopolítica entre a Rússia e os Estados Unidos, a Ucrânia é hoje a grande perdedora, seguida da Europa.

Ricardo Guedes

Belo Horizonte, 11/04/2022.

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A Rússia percebe a instalação de mísseis nucleares em suas fronteiras pela OTAN como um “ameaça existencial, na memória de Hiroshima e Nagazaki. Os Estados Unidos e a OTAN não intervêm na Guerra da Ucrânia, com sanções econômicas sobre a Rússia. A Ucrânia gera 4,5 milhões de refugiados para a Europa. A Ucrânia é sistematicamente destruída no vão apoio dos Estados Unidos e da NATO à sua causa.

A Europa depende em 40% do gás russo para a sua energia; Alemanha 49%; Itália 46%; França 24%; Inglaterra menos que 4%. Para contornar as sanções, a Rússia exige o pagamento em rublos ou o corte do fornecimento de gás. Aumenta a inflação mundial com a quebra das cadeias produtivas. A guerra nuclear torna-se possível devido a eventuais erros ou incidentes.

Recentemente, o jornal Frankfurter Zeitung, da Alemanha, publicou: “Queremos destruir nossa economia? É um fato que o gás russo tem sido a base da competitividade da nossa indústria”. Dado o congelamento das reservas russas, países como o Brasil e outros passam a converter suas posições em dólar e euro para o yuan, na tendência de internacionalização da moeda chinesa.

Nos Estados Unidos, a gasolina sobe de US$ 3,61 para US$ 4,22 por galão (quantos litros tem o galão?) em um mês, aumento de 16,9%. Biden terá dificuldades nas eleições deste ano para o Congresso e nas presidenciais de 2024. Na França, Emmanuel Macron vai para o 2º turno com Le Pen em eleição radicalizada.

Os Estados Unidos, a China e a Rússia são os três principais países do mundo, dada a extensão territorial, população, economia, tecnologia, recursos naturais, e poderio nuclear. A Rússia é o país com as maiores reservas naturais do mundo, seguida dos Estados Unidos e China. A China posiciona-se tacitamente ao lado da Rússia, como anteposição aos Estados Unidos e na questão de Formosa por vir. Rússia e China tenderão a se integrar, mudando o eixo econômico e político do mundo.

A guerra segue com o bombardeio da Ucrânia. A resistência ucraniana não se dá através do confronto direto de exércitos, mas pelo que poderíamos chamar de guerra moderna de guerrilha urbana.

Max Heirich em A Espiral do Conflito mostra de como os conflitos nascem de questões econômicas e sociais, indo para o político, chegando ao afunilamento das decisões de poucas pessoas. A Guerra da Ucrânia já transcende os níveis econômico e político, e chega ao pessoal.

Na campanha presidencial americana, Trump havia solicitado a Putin informações sobre possíveis irregularidades nos negócios na Ucrânia de Hunter Biden, filho de Biden. Na sequência, Biden estende as sanções financeiras aos bens das filhas de Putin.

A Ucrânia, com PIB de US$ 153 bilhões, vai sendo destruída no jogo dos interesses internacionais, com grandes prejuízos para a Europa, sem que haja líderes à altura para terminar a guerra dentro do horizonte inevitável.

Angela Merkel, se ainda estivesse institucionalmente presente, poderia ter colaborado para um cenário diferente, quem sabe mesmo evitando o conflito em parte, ou em todo.

 

Ricardo Guedes – Ph.D. pela Un. de Chicago e CEO da Sensus

[N.E.: Como Afeganistão, Líbia, Iraque, Síria, Vietnã, Panamá, Guatemala e outros países, a Ucrânia é só mais um espaço para fomentar e expandir o mercado da ind. bélica, em prol da manutenção de setores econômicos ativos e lucrativos localizados nos EUA, Europa e Ásia].