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Cidades Inteligentes – Agentes II

Miséria e pobreza não são sinais de inteligência, mas podem revelar as estratégias de dominação e poder exercidas de cima para baixo, a fim de manter um modelo de economia diversionista, ideológico, baseado em castas, oportunidades e ficção.

 

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São Paulo, 01/01/2023

3 Minutos.

Cidades inteligentes para todos! Numa sociedade democrática, as disputas pelo poder se dão entre 2, e apenas duas, vertentes ideológicas: os que têm recursos, sejam de ordem econômica e financeira (base), material e humanas, afeitos às diversas atividades humanas, de um lado e pelo outro os que não têm estes recursos, sejam chamados de pobres, miseráveis, despossuídos,  carentes, desassistidos etc… Depois que a comunicação de massas virou um grande negócio, eles se tornaram experts em criar este colar de nomenclaturas, flexível e adaptável aos tempos.

Estas duas forças, contudo, lutam pelo poder político e econômico. A plutocracia (ricos) se vale de vários apoiadores e se concentra no modo conservador de direita, e passeia com desenvoltura na classe media, media e alta e acima. Empresários, líderes militares e religiosos, especuladores financeiros, proprietários de terras (todas são devolutas, mas eles negam isso. Afirmar ter feito benfeitorias não os torna donos – a terra é de todos, portanto, de ninguém.)

Isso não quer dizer que do outro lado não existam os que se tornaram ricos. É a contradição do sistema: forças de esquerda também podem ter riquezas. A diferença começa talvez no modo como estas foram adquiridas. Os liberais, seguiram o exemplo, de certo modo forçado e inspirado em John Locke, na defesa daquilo que constroem e o fruto dos esforços realizados para tal, que sejam dele, intransferíveis, mas passados de pai para filho – direito de herança. Isso entra em choque com JJ. Rousseau que condenou o ato de cercar de um pedaço de terra com tudo o que houvesse naquele espaço como propriedade privada. Nas origens de vikings e celtas.

Esta discussão, na base moderna da filosofia política ganhou contornos acadêmicos e científicos e parece estar no cerne das lutas e desavenças, desde os primórdios descritos da humanidade. Na Bíblia os povos viviam se matando em guerras por terra, e cada um punha um deus na frente de sua espada e arrancava o sague do “inimigo”, naturalmente.

Carne, capim e ouro 

Em outros tratados religiosos do planeta também se vêm estes (des)encontros sangrentos. Gregos, persas, hindus, mongóis e chineses, xavantes e tupinambás… A capacidade de negociar vem com a política. Um pilar civilizatório para a sobrevivência de todos. Difere do direito do poder natural romano. Mas, mesmo estes também evoluíram!

Cidades Inteligentes - Agentes II
Onde está a inteligência? Tem quem defenda as armas. Para quem? (Img. Web)

Não exatamente pela terra, pelo espaço, mas pelo que se podia tirar dela, seja na caça, na plantação, nos recursos disponíveis sobre e sob o solo. Invariavelmente, dizem que tais fatores determinam a qualidade cultural ou o caldo civilizatória de um determinado povo. 

A Geopolítica se baseia nisso, segundo alguns estudiosos alemães

Porém, está mais do que claro que esta simplificação determinista desconsidera os aspectos dialéticos surgidos e amplificados pela ação dos seres vivos sobre o espaço geográfico ocupado, especificamente dos humanos.

Cultivar e revirar o solo atrás de subsistência e riqueza é coisa antiga.

É sempre bom relembrar os pastores e criadores de rebanhos animais domesticados e suas relações profícuas com os domadores de vegetais e plantadores agrícolas.

As necessidades aprimoraram as técnicas de tirar da terra e dos animais o sustento humano. As religiões simplificaram isso ainda mais, principalmente àquelas que separam o humano do resto da vida do planeta.  Reforçando a ideia de que viemos/descendemos de deuses etc, e por isso somos especiais e diferentes uns dos outros, o projeto de avançar sobre os recursos naturais, pulando muros ou criando cercas, ganhou força.

Gerou territórios, países, estados, nações, cidades, burgos, exércitos, excedente populacional, bandeiras e moedas, as economias (esta vista como modo de pensar o que se tem e como tirar o melhor proveito disto, cuidando, dividindo, multiplicando, negociando, acumulando), desenvolveu-se a  política, a ciência, as organizações, instituições, tecnologias. Mais batatas e mais espadas.

O novo limite.
Cidades Inteligentes - Agentes II
Uma nova chance de fazer direito! A coisa certa! (Img. Web)

Passou o tempo e chegamos ao limite. As divisões se acentuaram. As riquezas materiais acumuladas deram origens aos bens virtuais. Hoje, temos o passado sanguinolento das guerras por terra e recursos como modelo indesejável. Mas, só na virtualidade.

As cidades inteligentes jamais abrirão mão de seus sistemas de segurança. Ainda carecemos do básico como espécie ligada à natureza, por mais que tenhamos a capacidade de transformação.

Do básico aos seres mais criativos, todos carecem de alimento, água, moradia, vestuário, educação, lazer…

O que é gerado pela energia gera energia. Cada uma destas singularidades existenciais evoluiu, ganhou conteúdo e contornos,  superdiversificação porque sempre existiu a capacidade planetária de sustentar a vida.  E hoje?

O problema todo aparentemente resume-se na equação capacidade de recuperação versus a velocidade de consumo. Voracidade é aquele lugar comum do descontrole. Consumo desenfreado e na outra margem a impossibilidade de reposição, porque o básico, o necessário e o suficiente perderam lugar para o supérfluo. E tome logística, ‘suplay chain’, ecologia, agronegócio, sustentabilidade, lixo rico, reciclagem e uma análise profunda sobre o desperdício alimentar, de recursos naturais não renováveis.

A riqueza gerou a miséria. Esta cobra respostas, soluções imediatas. Tudo o que temos até agora são propostas. O futuro está aqui. 

 

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Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP