Vida em Harmonia

O que são direitos da natureza? E por que a natureza precisa de direitos? Como podemos comunicar e anunciar a possibilidade de uma Vida em Harmonia? Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo. – Paulo Freire.

Maria Lina de Aguiar

Belo Horizonto, 06/12 de 2021.

1 Minuto

Para entendermos sobre proteção ambiental, precisamos aceitar o desafio de viver em harmonia e respeito com o meio ambiente. Por exemplo, o Brasil é formado por seis biomas completamente diferentes: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Cada um destes biomas abriga espécies específicas de vegetação – a flora, e de animais que juntos são – fauna. Existe também uma diversidade de outros elementos que caracteriza cada bioma como o clima, formação do solo, água, relevo etc.

Mas a diferença entre os biomas não se limita apenas a fauna e flora e as demais características geológicas (formações rochosas e estruturais que compõe a crosta da terra – fig. 01), clima (conjunto de condições atmosféricas que caracterizam uma região) e hidrológicas (condição o modo de aparecimento e circulação de todas as formas e tipos de águas na superfície do planeta).

Em cada bioma brasileiro, as pessoas vivem de maneiras diferentes. Assim, cada um lidará com a terra, com o ar, com a água, com a fauna e flora de maneiras específicas em cada região. Isto é chamado de Característica Regional.

Estas características regionais são muito fortes para as pessoas que moram em cada território, são afetadas até na forma que se comunicam, isto faz parte do regionalismo (junto com a música, literatura, teatro etc.). Assim, regionalismo é também o seu jeito de falar na sua região e que faz parte de você. Orgulhe-se disto! Imagine como são as falas dos povos de comunidades tradicionais, ou comunidades rurais, ou os indígenas? São bem diferentes da forma que se fala nas cidades com certeza!

Você já ouviu alguém dizer que seu jeito de falar é engraçado ou diferente?

“- Uai sô, eu ouço isto direto. Mas nunca entendi este trem direito! ” (a autora, de Minas Gerais)

É divertido percebermos estas diferenças entre nossas regiões. Mas, ser divertido não significa rir ao ponto de constranger o outro. De fazer com que a pessoa fique com vergonha de seu jeito de falar, que aliás não está errado, diga-se de passagem. Podemos e devemos nos divertir com nossas diferenças. O limite entre a diversão e o abuso são claros e bem diferentes.

Você já passou ou viu algo assim? Uma coisa que era para ser divertida onde todos estariam felizes e acabou se tornando uma coisa constrangedora onde só quem provocava achava engraçado? Isto é bullying* e já sabemos o que fazer quando acontecer: fale com seu professor ou seus pais sobre isto.

*[N.E. – Quando um brinca com o outro e só um se diverte.]

Precisamos aprender a viver em harmonia uns com os outros, assim como precisamos aprender a viver em harmonia com a natureza. Isto é desafiador e os jovens são ótimos para lidar com desafios. O nosso desafio é a harmonia entre os povos, as nações e o meio ambiente, que é a Mãe Terra.

Para entendermos melhor atente às músicas, muitos instrumentos são tocados juntos e bem diferentes, mas quando os ouvimos, tudo fica perfeito, lindo. Esta é a harmonia que temos como desafio, sermos diferentes; alguém pode ser como um tambor e outro uma flauta e ainda assim estar em harmonia. Cada um deve respeitar e ter respeitado o seu espaço, seu momento, sua existência parar atingirmos este desafio.

Quando criamos conexões harmônicas uns com os outros e com a natureza é como fazer da própria vida uma música. E escrever uma música boa não é tarefa fácil. A primeira coisa que se requer é conhecer muito bem as técnicas de composição – o ritmo e a letra (poesia). Quem faz rap sabe disto e existem competições entre todos os tipos de músicas para avaliar qual é a melhor.

Assim, sabendo do seu espaço e do espaço do outro no mundo, sabendo como somos diferentes, sabendo que a harmonia entre as pessoas e com a natureza é o grande desafio, convido a todos e todas a dominar ainda mais estas diferenças tão divertidas na cartilha Vida em Harmonia.

Trata-se de um trabalho incrível que nos contará histórias indígenas, quilombolas, regionais e, principalmente, nos ajudará em nosso desafio de fazer de nossa vida, uma bela canção com todas as participações das mais diferentes possíveis.

Você acha possível juntar funk e orquestra juntos? O próximo link mostra como estilos diferentes pode fazer música inesperadamente boa.

https://www.youtube.com/watch?v=m9G-hq379AE

E não é só o som que é bom, é a diversidade dos jovens usando óculos ou não, negros e não negros, portadores de deficiência e não portadores, tatuados e não tatuados, meninas e meninos, com patins, skate, descalço ou calçado, todas as diferenças possíveis fazendo algo muito bom. Nosso desafio de viver em harmonia é possível e os jovens são ótimos com desafios.

BIBLIOGRAFIA

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 62 ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2016. Página 95.

POLETO, Ivo; BUZATTO, Marline D.; HASSON, Vanessa. Vida em Harmonia. Brasília.
Articulação Nacional pelos Direitos da Natureza – a Mãe Terra. 2021. Link para download – Acesse a cartilha: https://fmclimaticas.org.br/cartilha-vida-em-harmonia/