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Os Cânceres no Brasil

O que é Câncer? Em resumo, é o desenvolvimento de células defeituosas no organismo, que se reproduzem e afetam os órgãos do corpo e por fim, comprometem todos os sistemas envolvidos, levando-os à falência. Eis como estão dispostos no Brasil, em números. 

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Redação

São Paulo, 07/02/2024

4, 3 Minutos.

 No Brasil, tumores de Próstata e Mama estão à frente,  de acordo com análise global da OMS. No panorama global, câncer de pulmão fica no topo do ranking de incidência e mortalidade, seguido de perto pelos casos de câncer de mama. Este são dados que fazem parte do levantamento GLOBOCAN 2022, ao analisar o panorama do câncer em todos os países

Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (01/02) pela Organização Mundial de Saúde (OMS) mostrou que o câncer continua a ser um dos principais desafios para a saúde, já que a tendência é de aumento de casos nos próximos anos.

Em todo o planeta, cerca de 20 milhões de pessoas foram diagnosticadas com a doença em 2022 e a expectativa é de que esse número ultrapasse os 35 milhões em 30 anos. Além disso, cerca 53,5 milhões de pessoas atualmente estão vivendo com câncer, considerando o período de prevalência da doença no período de cinco anos.

O estudo, chamado GLOBOCAN 2022, foi liderado pela Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer – entidade intergovernamental da Organização Mundial da Saúde (OMS) – e pela Sociedade Norte-Americana de Câncer (ACS). Eles fizeram parte da programação do Dia Mundial do Câncer (04/02).

Números crescentes

No recorte por países, o levantamento indica que no Brasil foram identificados 627.193 novos casos de câncer.  Os tipos mais comuns foram o de próstata, que afeta exclusivamente pessoas do sexo biológico masculino, com 102.519 novos casos. Eis os números: 16,3% no total / 32,1% no recorte por gênero), e mama, que atinge em quase sua totalidade apenas mulheres. Estes respondendo por 94.728 novos casos (15,1% no total / 30,8% no recorte por gênero).

O câncer colorretal, que vem crescendo exponencialmente na última década, já é o terceiro mais incidente na população brasileira em geral, com 69.118 registros (9,6% no total).

Razões e motivos

Segundo o oncologista Carlos Gil, diretor médico da Oncoclínicas&Co. e presidente do Instituto Oncoclínicas, o câncer é uma doença multifatorial e que pode ter diversas causas. Porém, sabe-se que o envelhecimento está diretamente associado a diversos tipos de tumores, Contudo e, com o aumento da expectativa de vida da população em geral, os casos também tendem a crescer.

Fatores ambientais, como estilo de vida, além de algumas mutações genéticas hereditárias em casos mais rarostambém influenciam no aparecimento da doença.

“Os avanços em tratamentos e inovações acontecem o tempo todo e hoje temos muito mais opções de drogas e procedimentos menos invasivos. São fatores que melhoram a qualidade de vida dos pacientes. Medidas de prevenção precisam ser reforçadas e elas incluem os circunstâncias ambientais, como sedentarismo, redução de tabagismo, obesidade. Também alimentação e prática de exercícios físicos, além de rastreamento genético.

As políticas públicas que promovam exames regulares para detecção precoce de tumores são fundamentais para as chances de sobrevivência das pessoas. O grande desafio é que tudo isso, tanto os tratamentos como exames preventivos, cheguem com equidade às pessoas. Há um desafio médico, mas também social no combate ao câncer”, explica.

Câncer de pulmão volta a liderar ranking global

A pesquisa também mostrou que o câncer de pulmão voltou a liderar o ranking de incidência global. No Brasil, esse tipo de tumor torácico é responsável pelo maior número de óbitos por câncer, mas figura como o quarto mais comum em número de diagnósticos.

Segundo o novo levantamento, os casos de câncer de pulmão correspondem a 2.480.308 em todo o mundo, representando 12,4% no panorama geral da doença. Já no nosso país, ele representa 44.213 novos casos, uma fatia de 7% do total de tumores identificados em 2022.

“Quando observamos o recorte global, que mostra a prevalência do câncer de pulmão entre os diagnósticos, temos também que lembrar que isso se deve a programas mais robustos de vigilância ativa para detecção da doença entre a população tabagista em alguns países economicamente mais desenvolvidos.

Há ainda o reflexo dos efeitos de longo-prazo do hábito de fumar entre a geração que chega atualmente à terceira idade e que impactam nas estimativas da OMS. Em países onde a expectativa de vida da população aumenta, a curva tende a se tornar mais acentuada”, aponta Carlos Gil.

Câncer de mama: diagnóstico precoce é fundamental

Os dados da OMS trazem sinais de alerta sobre o câncer de mama, cujo diagnóstico precoce pode significar 95% de chances de cura. Globalmente, ele aparece em segundo entre os mais comuns, somando 2.308.931 dos novos casos detectados em 2022.

Entre as mulheres, ele é o primeiro colocado, sendo responsável por 23,8% de todos os 9.658.480 casos identificados pela análise. Ainda quando avaliado o recorte por gênero, foi também o tipo de tumor que mais matou pessoas  do sexo feminino em todo o mundo no período avaliado, respondendo por 669.418 mortes.

Educação e acesso às informações e serviços

O motivo pode estar ligado à adesão ao principal método de rastreio da doença: a mamografia.  O exame de imagem para identificar o tumor em estágios iniciais em muitos países não é feito na frequência ideal, considerando a recomendação de que seja realizada a cada dois anos, a partir dos 50 anos de idade, segundo a OMS.

“Isso acontece mais em países em desenvolvimento do que em desenvolvidos – um fato cruel que é acertadamente captado pelo estudo GLOBOCAN. E o motivo está diretamente ligado à educação sobre o tema. Acesso a informações com respaldo médico salvam vidas.

O baixo investimento em medidas de prevenção e diagnóstico precoce, assim como a menor oferta de tratamentos oportunos e eficazes, pode condenar os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento a anos de atraso nas políticas de combate ao câncer em relação aos países considerados desenvolvidos”, diz o diretor médico.

Urgências

Os números recém-divulgados pela entidade internacional indicam que no Brasil o câncer de mama respondeu por cerca de 30% (94.728) dos 627.193 novos diagnósticos de câncer  registrados em 2022.  E esse tipo de tumor foi o que mais matou mulheres, sendo responsável por 22.189 mortes em 2022.

“A alta taxa de ocorrência de diagnósticos em estágio mais avançado que ainda ocorre no país e o desafio relacionado à equidade de acesso a tratamentos avançados impulsionam a letalidade”, frisa o especialista.

Países mais pobres terão crescimento acelerado em novos casos até 2050

O levantamento apontou também o cenário de evolução no volume de casos de câncer diagnosticados. Indicam à marca de 35 milhões novos casos previstos para o ano 2050.  Um aumento de 77% em comparação ao volume de 2022. Entre os países com os Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixos esse crescimento está mais acentuado.

Nações de IDH médio, como o Brasil, segundo IBGE (2021) terão aumento de cerca de 70% (América Latina e Caribe) em comparação aos registros atuais, enquanto países com maiores índices de pobreza verão esse percentual chegar em torno de 107% (África).

As regiões mais ricas do planeta registrarão, por sua vez, aumentos no número de novos casos que variam de 22,5% (Europa) e 43,5% (América do Norte), enquanto os demais continentes ficarão com números entre 59% e 64,5% (Oceania e Ásia, respectivamente).

As estimativas refletem gargalos enfrentados pelos países em desenvolvimento, inclusive o Brasil, como a dificuldade de acesso às políticas públicas que promovem o diagnóstico precoce e os tratamentos. “O que a gente observa é que os serviços podem ser inexistentes, em casos de países muito pobres, ou insuficientes, como é no Brasil.

Números que incomodam

Assim, as pessoas acabam sendo diagnosticadas, muitas vezes, de forma tardia, o que afeta diretamente nas chances de cura e diminui em muito a qualidade de vida das pessoas”, sintetiza Carlos Gil Ferreira. 

Confira a seguir os principais dados do GLOBOCAN 2022:

Mundo:

  • Número de novos casos de câncer: 19.965.054

  • Número de mortes: 9.736.520

  • Número de prevalência de casos da doença (5 anos): 53.490.304

  • Top 3 por incidência:Pulmão, Mama e Colorretal

  • Top 3 por letalidade: Pulmão, Colorretal e Fígado

  • Número de novos casos previstos para 2050: 35 milhões

Brasil:

  • Número de novos casos de câncer: 627.193

  • Número de mortes: 278.835

  • Número de prevalência de casos da doença (5 anos): 1.634.441

  • Top 3 por incidência: Próstata, Mama e Colorretal

  • Top 3 por letalidade: Pulmão, Colorretal e Mama

Oncoclínicas&Co.  – Dedicado ao tratamento do câncer na América Latina

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Redação

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