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Modelo Inglês de Ciência

O modelo inglês de desenvolvimento da ciência parece querer justificar, num ambiente proficiente e único, o surgimento de um modo de avançar nas descobertas científicas, a saber, um certo desmonte dos dogmas religiosos presentes na estrutura do império romano latino, concentrado em Roma, que se esforçava pela manutenção do poder. França, Alemanha e Inglaterra tiveram a oportunidade histórica de se desvencilhar do núcleo romano e partiram para as práticas científicas, como respostas legítimas aos problemas e às inquietações da humanidade e na busca descentralizada do conhecimento, fora dos dogmas impostos pela fé dominante. Nenhuma destas nações, porém, abandonou o espírito de conquista, invasão e domínio sobre novos territórios. A Inglaterra tornou-se conhecida como o império onde o sol nunca se põe. Napoleão Bonaparte, na França e Adolfo Hitler, na Alemanha, por exemplo, seguiram este modelo. Os EUA, parece, adotaram todas as variantes possíveis…E o Oriente vem na direção do sol poente.[N.E]

Ricardo Guedes

Belo Horizonte, 26/07/2022.

1 Minuto.

A ciência experimental nasceu na Itália dos séculos XV e XVI com apoio da burguesia italiana ascendente, circunstancialmente interessada na utilidade política da natureza contestatória das verdades que a ciência traz. Com a ascensão da burguesia ao poder, a ciência entrou em declínio na Itália no século XVIII, mais interessados que então estavam em manter a ordem política do que no desenvolvimento das ciências.

No Norte da Europa, a Reforma Protestante abriu campo para o desenvolvimento da ciência como atividade socialmente institucionalizada. No Protestantismo, a eliminação dos símbolos sagrados do Catolicismo e da absolvição na confissão leva os homens à necessidade de uma ação racional adequada à fins que lhes dê ao longo da vida as credenciais do comportamento meritório à providência divina.

A ideologia Protestante, em conjunto com as promessas Baconianas de progresso, onde se acreditava na inevitabilidade do desenvolvimento e da melhoria da qualidade de vida dos homens, deram campo ao desenvolvimento científico. Com a com a secularização da cultura, o homem passa a professar uma atitude. A racionalidade é o guia para o comportamento e a verdade. Homem e ciência passam a caminhar lado a lado.

Modelo Inglês de Ciência
Astrônomo-pela-luz-de-vela (https://www.meisterdrucke.pt/artista/Gerrit-Dou.html)

Na Inglaterra do século XVII, em 1660 foi criada a Royal Society, sem a interferência do Estado, com a progressiva incorporação da ciência nas universidades, o que Ben-David chama de movimento científico inglês. Da ciência, decorrem suas técnicas e aplicações para a melhoria e progresso da vida do homem.

Das atitudes, decorre o comportamento racional adequado a fins, que dá estabilidade e sequência nas ações do dia, compatíveis com as regras individuais e as verdades universais. E assim caminham o homem e a ciência.

[N.E.: Este desenvolvimento só foi possível à ‘liberdade’ negociada pela Coroa inglesa e depois britânica com piratas, bucaneiros e intrujões de toda sorte, sob os orientações da Cia. Índias Orientais, historicamente, os mais inescrupulosos comerciantes de então.]

Neste sentido, Newton (1642-1727) formulou em 1680 os princípios da Mecânica Clássica, que descreve a realidade física como uma função da posição, da velocidade e das forças que atuam sobre os pontos materiais do sistema; Faraday (1791-1867) identificou em 1821 os efeitos entre a eletricidade e o eletromagnetismo; e Maxwell (1831-1879) introduziu entre 1864 e 1873 as Leis do Eletromagnetismo; três dentre as mais notáveis contribuições à Física por cientistas ingleses.

Em cada país, o desenvolvimento da atividade científica tomou contornos próprios, como na Inglaterra, na França, e na Alemanha.

     

Ricardo Guedes – Ph.D. pela Universidade de Chicago – CEO da Sensus

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Redação

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