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9 governadores debatem alfabetização

No evento “Escrevendo o Amanhã – Alfabetização em Regime de Colaboração” 9 governadores de estados debateram soluções com a Fundação Lemann, Instituto Natura e Associação Bem Comum, com apoio da Undime e Consed

A redação

São Paulo, 22/08 de 2020.

2 Minutos

9 governadores – Flávio Dino (MA), Belivaldo Chagas (SE), Camilo Santana (CE), Paulo Câmara (PE), Renan Filho (AL), Ronaldo Caiado (GO), Renato Casagrande (ES), Waldez Góes (AP) e Wellington Dias (PI) participaram no dia 20 de agosto, do evento virtual “Escrevendo o Amanhã – 9 governadores debatem alfabetização”, que discutiu a importância do regime de colaboração entre estados e municípios para promover uma alfabetização de qualidade, com acesso a todos os estudantes e na idade certa.

O evento foi promovido pela Fundação Lemann, Instituto Natura e Associação Bem Comum, que juntos promovem a “Parceria pela Alfabetização em Regime de Colaboração (PARC)”, e contou com o apoio da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).

Denis Mizne, diretor executivo da Fundação Lemann, e David Saad, diretor-presidente do Instituto Natura, chamaram atenção para a importância da alfabetização para o futuro do país junto com os 9 governadores no debate sobre a alfabetização.

“Umas das principais causas da evasão escolar e da falta de efetividade de nossa aprendizagem é a alfabetização, de início, não ser bem feita. A educação pública de qualidade existe para ser um redutor de desigualdade, que o Brasil tanto precisa”, disse Mizne

Saad também reforçou como o regime de colaboração entre estados e municípios é fundamental para promover a alfabetização na idade correta: “Vivemos uma tragédia no Brasil: 55% das crianças de 8 anos de idade não sabem ler. Porém, muitos estados estão colaborando e trabalhando juntos com seus municípios. Sabemos que o compromisso técnico e político e envolvimento das lideranças são fundamentais, por isso, apoiamos a política em regime de colaboração, pois é transformadora, corajosa, inteligente e republicana”, falou.

Os governadores aderiram ao PARC e têm realizado pactuação com os municípios para apoiá-los na alfabetização.

“Estamos fazendo uma revolução no processo educacional no Brasil”, celebrou Waldez Góes, governador do Amapá, que criticou a “cultura de departamento”, em que o sistema educacional não é olhado de forma integrada.

Para Wellington Dias, governador do Piauí, a parceria entre estado e municípios é um privilégio: “Se tem esse alicerce de uma educação a partir dos primeiros momentos da vida, com bom resultado, isso certamente vai contribuir a partir das séries seguintes”, afirmou.

Já Flávio Dino, governador do Maranhão, mostrou preocupação em manter os avanços já alcançados na educação, lembrando das próximas eleições municipais e possíveis trocas de gestores.

E foi categórico ao falar do aumento das desigualdades na pandemia. “O caminho é conseguirmos formas institucionais que perenizem essas conquistas já alcançadas na educação. Mas muito me preocupa os efeitos da pandemia, pois estamos aprofundando o fosso entre ricos e pobres. Esse é o principal desafio da nossa geração e é preciso que haja um debate organizado para avançar em soluções para isso”, afirmou Flávio Dino.

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, lembrou que conseguiu a adesão de todos os municípios na parceria pela educação. “O compromisso do governo e da sociedade com a educação faz com que decisões políticas e de gestão aconteça de forma mais natural”, disse.

No Espírito Santo, o governador Renato Casagrande explicou que a pactuação possibilitou uma uniformidade nas ações e condições dos municípios, que vivem hoje uma situação de precariedade financeira. “Compreendo a dificuldade dos municípios, por isso o estado entrou no projeto e vem desenvolvendo a pactuação com eles”, disse.

Mas nem todos obtiveram adesão fácil dos municípios. O governador Belivaldo Chagas, de Sergipe, considera a fase de pactuação a mais difícil: “Vamos continuar nessa luta e nesse investimento, retomar os contatos que estávamos tendo para o regime de colaboração com os municípios”, falou. Ronaldo Caiado, governador de Goiás, concordou, mas reforçou que o estado deu um grande passo na educação com o projeto. “A educação é fator primordial”.

A educação no Ceará foi citada como inspiração para outras gestões públicas pelo trabalho desenvolvido na educação. O governador Camilo Santana disse que, atualmente, 93% dos alunos estão alfabetizados na idade certa (2º ano do Ensino Fundamental) em todos os municípios cearenses e houve a implementação de um sistema de avaliação permanente (hoje, todo Ensino Fundamental é avaliado no estado). “Esse modelo tem apresentado resultados importantes para o Ceará e para o Brasil”, disse Santana.

Renan Filho, governador de Alagoas, destacou que o estado participa do projeto como um articulador. “A alfabetização na idade certa garante as próximas portas para que as crianças e jovens tenham autonomia para abri-las sozinhos”, disse.

ESTUDOS SOBRE ALFABETIZAÇÃO

No evento também foram apresentados dois estudos pelas pesquisadoras Paula Louzano, atual diretora da Faculdade de Educação da Universidade Diego Portales, no Chile, e a americana Catherine Snow, professora da Faculdade de Educação de Harvard (EUA).

Louzano mostrou uma comparação entre políticas de alfabetização no Brasil e no Chile, com ênfase nas orientações curriculares e avaliações do desenvolvimento da alfabetização.

A pesquisa, que contempla educação infantil e ensino fundamental, tem por intuito auxiliar no impacto da qualidade da educação e nortear o trabalho nas redes de ensino no Brasil e no Chile, que vivem significativa desigualdade social.

Ela destacou a importância da alfabetização para a diminuição das desigualdades: “Olhar para alfabetização é olhar para a justiça social,” afirmou.

Convidada especial do evento, Catherine Snow falou sobre a “Alfabetização em contextos de desigualdade”. Ela apresentou amplo panorama sobre as habilidades e diferentes idades e as correntes metodológicas que se alternam na educação: “Uma diz: ‘esqueçam o código e ensinem o significado’, levando o pêndulo para um lado; e outra força o deslocamento para o outro lado, afirmando: ‘esqueçam o significado e ensinem o código.”

“Porém, é preciso muito mais que isso para levar às crianças à leitura: a motivação. Por isso, hoje, o pêndulo está no meio, conjugando código, significado e motivação. Ensina-se ambas as extremidades do pêndulo, permitindo que a criança aprenda mais”, explicou.

ESCOLA ENCANTADORA

“A escola precisa ser encantadora e ampliar o mundo dos alunos. Por isso, é importante que a sociedade se junte ao desafio de assumir a educação como compromisso e ferramenta transformadora.”

“Educação pública é aquela que vai possibilitar que o país dê um salto, elevando o Brasil numa merecida situação de desenvolvimento”, afirmou o presidente da Undime, Luiz Miguel Martins Garcia (também secretário municipal de Educação de Sud Mennucci, SP), que participou do painel a importância da cooperação para as políticas de educação.

O painel contou também com a participação de Cecília Motta, secretária de Estado da Educação de MS e presidente do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação).

Para Motta, Consed e Undime, juntos à União, podem contribuir com uma agenda de compromissos de políticas da educação pelo Estado.

“Parece que o Brasil se acostumou com o analfabetismo. Temos de estar unidos para o fortalecimento dessas políticas, também junto com a população, organizações e instituições”, disse.

O evento ainda contou com a participação de secretários de educação na mesa “Importância do Regime de Colaboração para Implementação da Política de Alfabetização no Estado”, mediada por Veveu Arruda, diretor-executivo da Associação Bem Comum e ex-prefeito de Sobral (CE).

Participaram Fred Amâncio, secretário de Pernambuco, e Goreth Sousa, do Amapá, além dos representantes das Undimes locais, Natanael José da Silva, de Pernambuco, e Luciene Campos, do Amapá.

Veveu Arruda enalteceu o papel importante da liderança de governadores e secretários nesse processo. “O espírito colaborativo para que, no final das contas, as crianças, meninos e meninas, sejam os grandes beneficiados. Para que eles possam recuperar, ter direito a sonhar e esperança em romper esse ciclo de exclusão em que eles estão vivendo”, concluiu.

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Redação

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